Reza a lenda que na manhã de 14 de Agosto de 1362, véspera da festa da Assunção de Maria, alguns pescadores de Cascais, lançando as suas redes ao mar, prometeram a Nossa Senhora oferecer-lhe todo o peixe que recolhessem naquele lanço, querendo assim mostrar-se reconhecidos à Virgem Santíssima pela boa fortuna com que naquela temporada tinham sido favorecidos.
Quando recolheram as redes, notaram que vinham muito pesadas; a pesca tinha sido abundantíssima. Mas cresceu ainda mais o seu júbilo quando encontraram entalada na malha de uma das redes, uma imagenzinha de Nossa Senhora com o Menino nos braços. Vinha tão perfeita, que logo se alvoroçou a fé de todos com lembrarem-se que o mar quisera respeitar a sua Estrela, não lhe desmerecendo sequer o colorido. Prostrados em terra, renderam os pescadores homenagem àquela linda imagenzinha que as redes lhes haviam trazido, e que as ondas pareciam haver lhes dado. Tomaram como graça do céu tão inesperado presente e àquela Senhora começaram logo a chamar Nossa Senhora da Graça.
Imagem de Nossa Senhora da Graça
Valendo-se miraculosamente da boca de uma criancinha de peito, filha de um dos pescadores, que dormitava nos braços da mãe, a própria Virgem terá expressado a sua vontade sobre o que fazer com a imagem: "Esta Senhora quer que a levem ao Mosteiro de seus frades." A imagem foi conduzida a Lisboa, ao Convento da Graça, no dia seguinte. Os frades colocaram-na no altar-mor da sua igreja. O culto irradiou a partir desse local para todo o país, constituindo no tempo atual orago em templos de todas as regiões de Portugal e do mundo lusófono.
Segundo a lenda, a imagem de Nossa Senhora da Graça teria anunciado a vitória dos exércitos de D. João I na Batalha de Aljubarrota, sendo, por isso, feito um voto de ir todos os anos, em procissão, à Igreja, costume apenas interrompido durante a união ibérica entre 1580 e 1640.
Convento e Igreja da Graça, Lisboa.
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