Valência, no leste da Espanha, às margens do Mar Mediterrâneo, é uma cidade carregada de história. Ela foi invadida pelos muçulmanos no fim do século XI e reconquistada pelo grande herói Cid Campeador, que foi seu soberano e ali faleceu. Em Valência nasceu o extraordinário São Vicente Ferrer, que lutou contra a decadência da Idade Média com tal vigor e eloquência que foi chamado de Anjo do Apocalipse. A padroeira de Valência é Nossa Senhora dos Desamparados, cuja belíssima história é, em breves traços, a seguinte:
Diz-se que, no início do século XV, um padre da cidade, o padre Jofré, andava por uma rua, quando encontrou uns jovens praticando atos violentos contra um deficiente mental, que em um surto agredia algumas pessoas que estavam passando pelo local. O padre interrompeu o que os jovens faziam. Triste com o preconceito que o povo tinha daqueles com algum tipo de deficiência, pensou em fundar uma instituição para apoiá-los. Auxiliado por algumas pessoas, construiu um abrigo com uma capela, a qual dedicou a Nossa Senhora, sob o título de Nossa Senhora dos Desamparados. Foi fundada em Valência a Confraria dos Desamparados, instituição que visava socorrer os doentes e dar digna sepultura aos cadáveres abandonados nos campos. A confraria era composta sobretudo de artesãos, mas chegou a ter entre seus membros também duques, marqueses, condes e ricos burgueses.
Eles obtiveram uma capela, mas faltava uma imagem de Nossa Senhora que exprimisse o espírito daquela instituição.
Em 1414, apareceram na casa de um confrade – cuja esposa era cega e paralítica – três jovens muito bem apessoados, em traje de peregrinos. Disseram ser escultores e se dispuseram a fazer uma imagem da Virgem para a confraria. Pediram apenas um local isolado para trabalharem e que, durante três dias, ninguém os visitasse. Consultado o Beato Jofré, a proposta foi aceita. No quarto dia, o mesmo homem de Deus, acompanhado de várias pessoas, foi até o local onde estavam os três jovens. Bateram à porta. Como ninguém atendesse, arrombaram-na. Oh magnífica surpresa! Os jovens haviam desaparecido, mas deixaram uma belíssima imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus. Todos entenderam que os peregrinos escultores eram anjos.
O milagre
A esposa do confrade anfitrião, uma mulher cega e paralítica, foi a primeira a ver a imagem e, repentinamente, curou-se e passou a ver e andar. A notícia do milagre se espalhou pela cidade e logo muitos deficientes foram ao local, também estes conseguindo cura, por intermédio de Nossa Senhora dos Desamparados. Dois séculos depois, em 1667, a imagem foi transferida para uma igreja construída em sua honra e até hoje existe a confraria de Nossa Senhora dos Desamparados, instituição de apoio aos pobres, doentes e necessitados.
A partir de então, mediante a intercessão de Nossa Senhora dos Desamparados, ocorreram muitos milagres, entre os quais a cessação da terrível peste que grassou em Valência e outras partes da Espanha em meados do século XVII, no reinado de Filipe IV.
A imagem de Nossa Senhora dos Desamparados mede 1,40m e a representa carregando, no braço esquerdo, o Menino Jesus; o braço direito, cuja mão segura um ramo de lírios de prata, está estendido em direção ao solo. Sobre a cabeça de Nossa Senhora há uma grande e riquíssima coroa, cravejada de brilhantes, pérolas, rubis e outras pedras preciosas. Atrás da coroa, um belo resplendor com doze estrelas. O Menino Jesus segura em seus braços uma cruz. A Virgem e seu divino Filho portam túnicas e mantos primorosamente lavrados. Apesar dos exames realizados, até hoje não se sabe exatamente de que material foi esculpida a imagem.
Nossa Senhora dos Desamparados é também padroeira da Costa Rica.
Fontes:
Página inicial: https://www.maedasgracas.com.br/
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